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9 de dezembro de 2010

Expandir limites...?

O Artista Waffa Bilal resolveu implantar uma câmara de vídeo na sua cabeça (na nuca mais precisamente, como podem ver na imagem) e vai daqui a 5 dias começar a enviar uma imagem por minuto para a sua exposição Told Untold Retold, organizada pelo Museu de Arte Moderna de Doha, no Qatar.

Para além de todas as questões éticas, médicas e artísticas que poderão ser abordadas há aqui um espaço de debate que me parece de total interesse ser levantado. Desde o manifesto Cyborg de Donna J. Haraway (salvo erro em 1985) que este assunto da robotização do homem (e a consequente humanização dos robots) tem sido um assunto recorrente em diversos filmes ou até na publicidade.
Este projecto de Bilal, quanto a mim, levanta questões bastante interessantes e que têm que ver, em primeiro lugar, com os limites e limitações do corpo humano: na realidade não podemos ver o que está atrás da nossa nuca; em segundo lugar levanta-me questões sobre os limites na criação artística, onde tudo parece valer; e, em terceiro, levanta-me questões sobre a privacidade pois não possibilidade de eu não poder ser fotografado se passar por trás do artistas...
Estas não são questões novas, já foram noutros momentos levantadas por outros artistas, de outros modos é certo... mas penso que vale a pena discutir com eles estes assuntos!
Como termina a Reportagem do El País: o debate está servido! Façam o favor...

Vídeo no Jornal Público 
Site do artista Waffa Bilal
Site do Projecto "The third I"
Reportagem no El País: O Homem biónico está a chegar...

2 comentários:

Dalaiama disse...

Que cena doida! Mas não implantou no cérebro, apenas afixou o aparelho na parte de trás da cabeça. Ao menos isso.

Anónimo disse...

Começaria por por em questão a qualidade de arte que pode ser atribuída ao, que eu chamaria, atitude provocatória. Será arte? Aqui começa o problema tenebroso: o que é arte? A resposta depende de cada pessoa: do tipo de arte que faz (se for artista) e da formação teórica sobre arte (quer seja artista quer não seja). Transgredir e provocar os valores, sejam eles éticos ou estéticos, não é sinónimo de arte; se assim fosse, aonde nos levaria o conceito de arte? Por trás da transgressão, tem de haver conteúdos que consubstanciam um universo de conceitos, comportamentos,atitudes, técnicas, biografias, culturas, valores no sentido lato (incluindo estéticos), etc. Na minha opinião, se a matéria de consubstanciação lá estiver, na obra, temos arte. Questionar a condição de Homem através da transformação do organismo do(s) sujeito(s) é uma problemática de concretização de questões filosóficas (a filosofia é uma coisa, a sua concretização prática é um instrumento da mesma,que pode ou não ser arte). Estamos, literalmente, perante a problemática da Realidade: o que é e o que não é. A transformação do nosso corpo com um implante, seja um mecanismo electrónico seja numa cirugia plástica, não passa de um aritficio que transforma a realidade, mas não aquela que é imanente ao ser humano: a consciência: da qual a arte se ocupa. Se aplicar um mecanismo no nosso corpo altera a matéria orgânica, não altera os afectos, o espírito, que na arte se procura, como acontece de uma forma diferente na religião. Surge um alerta, a nano tecnologia a engenharia genética altararão alguma vez o espírito: a essência do Homem; aquela que nos dá o poder do livre arbítrio nas opções do amor, da justiça, da estética, da ética? Por agora, fico por aqui.
Luís Filipe Rodrigues

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